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Recomendação de livro: "Wikileaks", por David Leigh e Luke Harding

O título completo do livro "WikiLeaks - A Guerra de Julian Assange contra os Segredos de Estado" em primeiro momento pode parecer que a obra é mais uma biografia de um fã apaixonado pelo ideal deixado pelo Julian Assange, o cara na capa e o maior "personagem" do livro.


Mas sinceramente não é isso o que você vai encontrar aqui, o livro escrito pelos jornalistas David Leigh e Luke Harding do jornal britânico "The Guardian" dão um ótimo panorama do que aconteceu na época dos maiores vazamentos da história recente se tratando de dados secretos, até o incidente com Edward Snowden.


Como eu disse, longe de serem jornalistas chapa branca os autores situam o leitor nas crises antes, durante e depois dos vazamentos de informações que colocaram o site WikiLeaks no mapa da imprensa investigativa. Para chamar a atenção do leitor mais novato no assunto, Wikileaks começou como um microblog para receber informações vazadas de dedos-duros que poderiam estar insatisfeitos com o seu país ou mais precisamente com o seu governo atual. Esse tipo de coisa ainda é obscura, mas estamos falando de uma época onde a internet ainda era só mato. Muita coisa mudou.


Julian Assange, o criador do site, editor, empresário, playboy e etc. Tem nesse livro uma biografia até um pouco apressada, já que ele fez história novamente várias vezes até recentemente quando foi solto por um acordo onde ele assumiu sua culpa por espionagem na época do livro.



Mas porquê Julian Assange é considerado um criminoso nos EUA? Ele disponibilizou para imprensa padrão mais de 250 mil telegramas diplomáticos secretos e arquivos confidenciais das guerras do Afeganistão e do Iraque. Mas ele não foi o responsável pelo vazamento, foi? Alguém enviou os dados para seu site e em conversas privadas utilizando tecnologia de criptografia militar (coisa de filme), e ele como se considera jornalista, poderia vazar os dados, não poderia?


Por conta dos dados serem SIGILOSOS, existem leis severas tão pesadas que Assange se considera sortudo por não ter sido mandado para a Cadeira Elétrica ou o Corredor da Morte dos EUA. Afinal as informações contidas lá deveriam ser disponibilizadas a população comum, eram dados que corriam em meios de comunicação militar, com pessoas mal treinadas e indispostas acessando, sim. Mas eram informações sigilosas.


Não quero julgar o papel da lei americana, ou da imprensa. Afinal, cada um tem um papel na Sociedade, porém Assange é e será crucificado eternamente, por ter pensado que poderia escolher o que o povo DEVERIA ver.



Os conteúdos dos Diários das Guerras do Iraque e Afeganistão, onde tinham informações (repito) SIGILOSAS escritas por soldados estadunidenses no front de batalha, uma guerra iniciada muitos anos antes de o atual presidente (na época do lançamento do livro) Barack Obama, "sujou" a imagem do governo, e dizem que forçou ainda mais a opinião pública de que a Guerra não era mais por algo justo, (como se algum dia isso tivesse existido), a guerra estava sendo travada entre gigantes e inocentes em muitos momentos, veja bem, não sou eu quem diz isso mas sim o livro, ele trás relatos crus de ataques a civis, como o histórico ataque de um Helicóptero Apache na guerra do Iraque.



Assange foi julgado, na época do livro, por estupro de duas mulheres na Suécia. Apesar de parecer confuso, isso também tem muito a ver com todo o contexto do que aconteceu na época. Julian era uma das pessoas mais conhecidas no momento, e usou isso como escudo e como charme algumas vezes. Ele mesmo utilizou do fato, do processo, para promover ainda mais na mídia os vazamentos que ele estava coordenando e tentar desviar o foco do processo judicial, uma bola de neve.


Ao final do livro, nos Apêndices são editados alguns dos Telegramas, não mais tão sigilosos assim. Neles podemos ver a destreza com que, alguns membros do governo, mais especificamente das embaixadas dos Estados Unidos, descrevem a cultura, política e excentricidades de países de interesse.


Esses relatos servem para que haja uma vigilância constante sobre o que é dito e o que é escrito, e para quem direcionamos tais palavras. Existem olhos e ouvidos em todos os lugares, ainda mais agora. A próxima recomendação falará mais sobre o assunto.


Mas aí você pode estar pensando: "E o contexto disso tudo? Onde entra a tecnologia?"


O Site Wikileaks começou pequeno, e fez um reboliço no mundo inteiro. Ele era apenas um site com uma ideia, se eles conseguiram mudar o mundo, eu e você também conseguimos, e espero que seja para melhor.

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